O Brasil registrou uma queda no desmatamento em 2024, com redução em todos os biomas pela primeira vez desde o início da série histórica há seis anos atrás.
É o que revela o novo levantamento divulgado nesta quinta-feira, 15, pelo MapBiomas, iniciativa que monitora a supressão de vegetação nativa no país. Os números do ano passado trazem motivos para celebrar: houve um recuo de 32,4% na área desmatada em relação a 2023, totalizando 1.242.079 hectares -- além de uma queda de 26,9% nos alertas (60.983).
Este é o segundo ano consecutivo de redução na perda de vegetação. Em 2023, o índice caiu 11% em comparação a 2022. Mesmo assim, o Brasil perdeu uma área equivalente a toda a Coreia do Sul desde 2019: 9.880.551 hectares, dos quais 67% estão na Amazônia Legal.
Segundo o relatório, é um marco importante, mas o ritmo da devastação ainda é preocupante. A cada dia, perdemos 3.403 hectares de vegetação nativa e o equivalente a 141,8 hectares por hora, o que significa que é preciso avançar em políticas públicas.
Além disso, a análise mostra que a pressão da agropecuária representa 97% de todo o problema ambiental. Na equação, outros fatores têm pesos distintos de acordo com o bioma: 99% da área suprimida por garimpo está na Amazônia, enquanto 93% da devastação associada a empreendimentos de energia renovável estão concentrados na Caatinga.
Cerrado lidera desmatamento
Pelo segundo ano, o Cerrado continua sendo o bioma com maior desmatamento, respondendo por 52,5% (652.197 hectares) de toda a vegetação nativa suprimida no Brasil em 2024. Mesmo apresentando um recuo expressivo de 40% em 2024, a região é ponto crítico de conservação.
Em Matopiba - área que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - estão concentradas 75% das terras atingidas no bioma e cerca de 42% de toda a perda no país.
O Maranhão lidera o ranking dos estados que mais desmataram, mesmo com redução de 34,3% -- totalizando 218.298,4 hectares. Já os quatro municípios com maiores aumentos proporcionais estão no Piauí: Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal.
Amazônia registra menor taxa
A Amazônia ficou em segundo lugar no ranking, com 30,4% da área desmatada no Brasil (377.708 hectares). Este foi o menor índice registrado no bioma desde o início da série histórica com início em 2019. Todos os estados amazônicos apresentaram queda, com exceção do Acre, que registrou aumento de 30%.
Em ano de COP30 no Pará, o estado continua sendo o que mais desmatou no acumulado de 2019 a 2024, somando aproximadamente 2 milhões de hectares. Junto com o Maranhão, os dois respondem por mais de 65% da área desmatada no Brasil no último ano.
Recorde na Caatinga e eventos extremos no Sul
Um dado preocupante vem da Caatinga, terceiro bioma mais afetado e que registrou uma baixa de 14% na área desmatada (174.511 hectares). Lá está um recorde: um único imóvel rural no estado do Piauí desmatou o equivalente a seis hectares por hora durante um período de três meses.
Já a Mata Atlântica, que havia apresentado queda de quase 60% no desmatamento em 2023, manteve-se estável em 2024 -- com 13.472 hectares desmatados. Segundo o MapBiomas, a taxa teria sido influenciada pelos eventos climáticos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024. Caso contrário, a estimativa era de pelo menos 20% a menos na área desmatada.
O Pantanal registrou a maior queda: 58,6% na área desmatada em comparação a 2023, totalizando 23.295 hectares. Por sua vez, o Pampa apresentou o menor índice de desmatamento: apenas 896 hectares.
Redução em áreas protegidas
As áreas protegidas também apresentaram redução no desmatamento. Em Terras Indígenas, dois terços (66,7%) não foram impactadas e apenas 15.938 hectares registraram supressão da vegetação -- taxa 24% menor em relação a 2023.
Nas Unidades de Conservação, a queda foi ainda mais expressiva: 42,5%, totalizando 57.930 hectares. Já em Unidades de Conservação de Proteção Integral, o índice de preservação subiu para 57,9%.