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Será que os polvos conseguem sonhar? Descubra o que dizem os pesquisadores

As observações de um polvo adormecido que acorda de repente fazem com que os cientistas se perguntem se ele tem pesadelos ou se está apenas envelhecendo. Afinal, os polvos sonham?

Publicada em 12/04/24 às 08:48h - 16 visualizações

por Kativa FM \\ National Geographic


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Um polvo diurno é visto no Butterfly Pavilion, no Colorado, Estados Unidos. Em 2019, um vídeo viral mostrou um animal dessa espécie mudando de cor enquanto dormia. Em um novo estudo, os pesquisadores relataram evidências de comportamentos anormais em  (Foto: Kativa FM \\ National Geographic)

polvo Costello pode ser a primeira evidência de que os invertebrados de oito braços estão sonhando, segundo um novo estudo.

Os cientistas da Universidade Rockefeller, em Nova York, nos Estados Unidos, chegaram ao laboratório em uma manhã e encontraram um polvo brasileiro de arrecife de coral macho com os braços enrolados em um pedaço de cano de PVC, como se estivesse tentando estrangulá-lo. A água do tanque estava turva. A água do tanque estava turva. Curiosa, a equipe analisou a filmagem da câmera feita no início do dia.

O que viram os surpreendeu: Costello parecia ter saído do sono e, em seguida, agiu de forma defensiva antes de entrar em seu tanque.

Esses movimentos anormais sugerem que polvo Costello estava se lembrando de "algo estressante" – e possivelmente tendo pesadelos, diz Marcelo Magnasco, biofísico da Rockefeller, coautor de um estudo sobre o novo fenômeno no site bioRvix.

Os cientistas não observaram o polvo repetindo as mesmas ações, como se debater descontroladamente, durante o dia. Os autores, cujo artigo ainda não foi revisado por pares, advertem que essa é a evidência de um único animal, e as razões por trás dos episódios são especulativas.

O.insularis_1Costello, o polvo de recife brasileiro, dorme imóvel em uma filmagem feita pelo Laboratory of Integrative Neuroscience da Universidade Rockefeller.

FOTO DE IMAGE BY LABORATORY OF INTEGRATIVE NEUROSCIENCE AT THE ROCKEFELLER UNIVERSITY
O.insularis_2Nessa imagem, quando Costello começa a sair do sono, ele se camufla e começa a agitar seus tentáculos.
FOTO DE IMAGE BY LABORATORY OF INTEGRATIVE NEUROSCIENCE AT THE ROCKEFELLER UNIVERSITY

"A ideia de os polvos sonharem é muito convincente", comenta Tamar Gutnick, especialista em polvos do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, que não participou da pesquisa. Embora as evidências apresentadas neste artigo não sejam conclusivas, o comportamento é possível, diz ela.

"Como essa atividade também apresenta exibições de padrões claramente coerentes que também são vistos quando os animais estão acordados, eles podem ser imaginados como uma repetição, o que pode sugerir um sonho", explica Gutnick.

Episódios inesperados

Estudos em várias espécies de polvo mostram que eles têm diferentes estágios de sono, incluindo uma forma tranquila de sono em que o animal que muda de cor é uniforme ou pálido, e um estágio ativo em que sua pele exibe diferentes padrões e texturas.

Os pesquisadores adquiriram Costello, que foi legalmente capturado na natureza, de um fornecedor em Florida Keys, nos Estados Unidos, em fevereiro de 2021.

Depois de testemunhar o primeiro episódio incomum do polvo, a equipe examinou 52 dias de filmagens, procurando padrões semelhantes nos quais Costello estava parado ou dormindo antes de mudar abruptamente o movimento do corpo, agitando os tentáculos de forma desordenada ou realizando algum tipo de resposta antipredatória, como a pintura.

Eles registraram quatro casos em que o polvo estava dormindo antes de despertar e apresentar comportamentos erráticos e violentos, e em dois deles a pintura.

Em um episódio, por exemplo, Costello ficou vermelho escuro, girou várias vezes no chão do tanque e agitou seus tentáculos antes de liberar uma grande nuvem de tinta escura. É assim que os polvos agem quando são atacados por enguias ou quando estão brigando entre si.

É possível que o polvo estivesse sofrendo algo semelhante a um distúrbio do sono ou pesadelos, como reviver traumas passados, sugerem os autores. Costello chegou com danos em dois de seus membros, provavelmente devido a encontros com predadores – que poderiam ficar em sua memória.

"Não estamos tentando, de forma alguma, dar a impressão de que este é um caso aberto e fechado", afirma Magnasco. "Mas ignorar essa possibilidade seria imprudente."

Um sinal de envelhecimento?

Outros cientistas são céticos. "É fácil pegar conceitos emprestados do que conhecemos dos seres humanos e colocá-los em animais muito diferentes e evolutivamente distantes de nós", diz Jennifer Mather, psicóloga da Universidade de Lethbridge, no Reino Unido. "Alguma forma de sono parece ser muito comum entre os animais, mas não temos ideia do que está acontecendo em seus cérebros."

Uma hipótese para os comportamentos é a simples velhice. Robyn Crook, bióloga evolucionária da Universidade Estadual de São Francisco, nos Estados Unidos, afirma que o comportamento aberrante é típico de um polvo em processo de senescência, o período natural de deterioração e declínio antes da morte.

De fato, os braços hipermóveis e os movimentos desorganizados de Costello apontam para o envelhecimento, assim como sua pele solta e lesões visíveis, diz ela. O animal estudado, que tinha cerca de um ano de vida, morreu naturalmente em abril de 2021.

Busca por respostas

Para determinar se os polvos podem sonhar, seria necessária uma base sólida de evidências sobre o que acontece no cérebro quando os polvos dormem, comenta Crook.

"Há muito a saber sobre a base neurológica do sono em invertebrados, antes que alguém possa razoavelmente fazer uma suposição sobre o sonho", acrescenta ela.

No entanto, os autores sugerem que o monitoramento de polvos em laboratórios 24 horas por dia poderia revelar episódios semelhantes que, de outra forma, poderiam passar despercebidos.

"Se for o caso de o sono e os sonhos serem, de alguma forma, universais em muitos animais, seria realmente fascinante tentar entender o porquê", diz Magnasco.




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