Nascido em Pisa, cidade da Itália, em 15 de fevereiro de 1564, Galileu Galilei pode ser considerado o “pai do método científico” e de outras descobertas que impactam o mundo até hoje. Entre elas estão o telescópio, por exemplo, que transformou o estudo da astronomia, e o uso da experimentação como forma de estudo, como afirma a Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido) sobre ele.
Esta forma de investigar o mundo feita através de tentativa e erro, experimentos, observação direta e raciocínio lógico se contrapunha à maneira como pensadores clássicos, tais como Aristóteles, desenvolveram suas teses até então, em especial nas ciências naturais. “Galileu Galilei havia demonstrado a falsidade de algumas das ideias do pensador grego", conta um artigo sobre ele intitulado “Galileu, o astrônomo mais persistente”, da National Geographic Espanha.
Além disso, com o avanço em suas descobertas astronômicas, o italiano confirmou a teoria do sistema heliocêntrico copernicano (que defendia que a Terra girava em torno do Sol, e não ao contrário), fazendo com que ele se tornasse alvo da Inquisição Católica e respondesse a um processo por isso.
A ilustração mostra Galileu Galilei explicando a topografia da lua aos céticos.
O astrônomo e matemático viveu 77 anos e nesse período se tornou uma das figuras mais relevantes da revolução científica que se desenvolveu nos anos seguintes. A seguir, National Geographic selecionou cinco fatos sobre ele.
Segundo a World History Encyclopedia (plataforma mundial dedicada ao conhecimento sobre história), foi graças a Vincenzo Galilei (1520-1591), pai de Galileu, que o cientista se envolveu com pesquisas e análises. “Vincenzo escreveu tratados baseados em seus experimentos práticos em ciência musical", diz a fonte.
Apesar do talento do pai para a música e o estudo, a família Galilei se sustentava mesmo através do comércio de tecidos, continua a fonte. Ainda que pertencesse a uma parte da nobreza italiana por parte de mãe, o clã era “bastante humilde”, completa.
A WHE continua contando que Galileu estudou medicina na Universidade de Pisa a partir de 1581, mas foi a matemática que chamou mais a sua atenção. Tanto que deixou esses estudos “sem se formar” para ser professor de matemática em Florença.
A fama alcançada pelos estudos e teorias de Galilei, bem como por sua atuação como professor, chamaram a atenção para ele em plena época medieval. Neste momento, “nobres e cardeais enviavam seus filhos para receber aulas particulares do mestre Galileu”, conta a NatGeo espanhola.
A foto mostra um modelo do telescópio feito por Galileu Galilei em 1608. O astrônomo fez um objeto com capacidade de ampliação de 33 vezes e o usou para fazer várias descobertas importantes em astronomia. (Museu da Ciência, Londres)
Anos depois, Galileu passou a se dedicar a revisar conceitos como a concepção aristotélica da física, a aceleração uniforme, a inércia e a mecânica em sua oficina particular.
Essas investigações o levaram a confirmar o conceito científico que mais impactou sua vida: a teoria heliocêntrica, a qual dizia que a Terra girava em torno do Sol e era contrária ao que dizia a Igreja Católica na época, diz a WHE.
Ao lado de outro grande pensador da época, o também astrônomo alemão, Johannes Kepler (1571-1630), Galileu encontrou “evidências físicas” que confirmavam as pesquisas de Nicolau Copérnico (1473-1543), o astrônomo e matemático polonês responsável por criar a teoria heliocêntrica do Sistema Solar, continua a plataforma histórica.
Segundo essa tese, Copérnico acreditava que a Terra girava em torno do Sol – e não ao contrário (o Sol girava ao redor do nosso planeta e ele seria o centro do universo), uma visão que era defendida pela Igreja Católica, diz a WHE.
“Quando Galileu ficou do lado de Copérnico, cuja obra foi incluída no Índice de Livros Proibidos da Igreja Católica, em 1616, ele se expôs à possibilidade de censura formal por heresia", afirma a WHE.
Ainda que os escritos de Galileu não tenham sido proibidos pela Igreja, ele foi repreendido publicamente pelo Cardeal Robert Bellarmine (1542-1621), um dos mais poderosos, continua a WHE. Como o astrônomo já era uma figura pública e escrevia suas obras em italiano (e não em latim), seus textos eram traduzidos a outros idiomas, o que ampliava seu poder de influência, diz a plataforma.
A fonte histórica ainda detalha que apesar de Galileu formalmente “não negar a existência de Deus”, ele havia feito “muitos inimigos pessoais ao longo dos anos”.
“Em uma reunião em 26 de fevereiro de 1616, Galileu foi incentivado a não seguir suas teorias copernicanas, que pareciam contradizer a Bíblia”, afirma o WHE. Já em 1611, ele foi chamado pelo Papa Paulo 5º para ir a Roma falar de suas descobertas, conta a NatGeo Espanha.
Uma pintura de 1857 intitulada "Galileu enfrentando a Inquisição Romana", do pintor italiano Cristiano Banti. A imagem reproduz parte do julgamento do matemático e astrônomo em 1633. Galileu foi considerado culpado e condenado a viver em prisão domiciliar pelos anos que lhe restavam. (Quadro de uma coleção particular).
Ignorando a pressão da Igreja e do Papa Paulo, em 1632 Galileu publicou uma obra na qual “aceitava abertamente a teoria copernicana como válida”. “Essa foi a gota d'água para a Santa Sé”, diz o artigo de Natgeo, o que obrigou o cientista a dar explicações em Roma.
A fonte traz ainda que o cientista foi ao encontro da Inquisição achando que “sairia ileso” mais uma vez. O novo Papa no comando era, então, Urbano 8º, que tinha sido seu admirador e amigo, mas nesta visita Galileu Galilei se equivocou.
Ele sofreu um julgamento cuja sentença se deu em junho de 1633: “Galileu foi obrigado a renegar as teorias copernicanas, a recitar salmos por três anos e à prisão formal a critério do Santo Ofício”, conta a Natgeo espanhola. Além disso, suas obras foram censuradas.
O cientista permaneceu em prisão domiciliar na casa onde vivia, em Florença, até seus últimos dias. Ainda assim, Galileu Galilei não parou de atuar: ele passou o final de sua vida projetando um relógio de pêndulo e estudando física até perder a visão, detalha a WHE.