O Hamas afirmou, nesta terça-feira (6), que não irá retomar as negociações de cessar-fogo com Israel até que o país “acabe com a guerra de fome” na Faixa de Gaza. Desde março, militares israelenses vêm proibindo a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino, visando pressionar o grupo extremista a libertar os reféns capturados no ataque de 7 de outubro de 2023.
"Não faz sentido entrar em negociações ou considerar novas propostas de cessar-fogo enquanto a guerra de fome e a guerra de extermínio continuarem em Gaza", disse um alto funcionário do Hamas à AFP. O grupo condena a ação israelense, dizendo que é uma “chantagem política”.
Apesar de defender o objetivo de Israel de recuperar os cidadãos capturados, autoridades humanitárias também condenam o cerco em Gaza. Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive, já afirmaram que o enclave palestino está à beira de uma catástrofe humanitária, uma vez que a comida e o combustível estão quase se esgotando.
“Sim, os reféns [israelenses] devem ser liberados, mas a lei internacional é inequívoca: como potência ocupante, Israel deve permitir a entrada de apoio humanitário. A ajuda nunca deve ser uma moeda de troca. Bloquear a ajuda deixa os civis famintos e sem suporte médico básico. Isso inflige um castigo coletivo cruel”, disse o subsecretário-geral da ONU de Ajuda Humanitária, Tom Fletcher.
Na segunda-feira (5), ministros israelenses concordaram em intensificar a guerra contra o Hamas, ameaçando ocupar a Faixa de Gaza. A expectativa é que, nos próximos dias, milhares de soldados reservistas sejam convocados para expandir a ofensiva no enclave palestino.
O anunciou acendeu um alerta na população, que teme ter que evacuar as cidades novamente. Dados do Ministério da Saúde local apontam que, até o momento, a guerra deixou 90% dos habitantes deslocados, enquanto 52 mil foram mortos durante os combates – a maioria mulheres e crianças.
Países mediadores, como Estados Unidos e Egito, seguem tentando acordar uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza. As negociações, no entanto, encontram-se num impasse, uma vez que, enquanto o Hamas exige um cessar-fogo permanente e a retirada total de Israel de Gaza, Israel pede a liberdade imediata de todos os reféns.
Na última semana, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou pela primeira vez que derrotar o Hamas era mais importante do que garantir a libertação dos reféns. A declaração provocou reação nas famílias das vítimas, que criticaram o premiê pela postura.