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Ciência

Conheça as 5 novas espécies descobertas da fascinante cobra víbora de cílios

Conhecidas pelas escamas que lembram cílios acima de seus olhos, essas cobras que têm cores brilhantes são mais diversas do que os cientistas jamais imaginaram.

Publicada em 20/02/24 às 10:29h - 32 visualizações

por Kativa FM \\ National Geographic


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Encontrada nas florestas nubladas e nas plantações de café das montanhas da Cordilheira Oriental, na Colômbia, a víbora- de-pestana, também conhecida como cobra de cílios, Klebba (Bothriechis klebbai) é uma das cinco espécies recém-descobertas de víb  (Foto: Kativa FM \\ National Geographic)

Em 2013, o biólogo Alejandro Arteaga tinha acabado de ser coautor de um livro sobre os anfíbios e répteis de Mindo, Equador, com uma bela cobra víbora-de-pestana –com cílios cor de limão – na capa. 

O único problema? Quando ele mostrou o livro para seus amigos cientistas na Costa Rica e no Panamá, eles se surpreenderam. "Todos eles disseram: 'Não é possível que essa espécie seja uma víbora de cílios (Bothriechis schlegelii). Ela é tão diferente das que temos aqui'", lembra Arteaga.

E não era só porque a cobra era verde neon. As cobras víbora-de-pestana (ou víboras de cílios como também são conhecidas) são famosas por serem policromáticas, o que significa que sua aparência pode variar muito, mesmo entre as cobras nascidas na mesma ninhada. Na verdade, elas vêm em um arco-íris de cores que ocorrem naturalmente, incluindo fantasma, vinho tinto, café, turquesa e até mesmo uma chamada "cor de Natal" composta de verde, vermelho e branco.

Mas quanto mais Arteaga e seus colegas observavam a serpente da capa de seu livro - uma "morfo da floresta nublada" – mais encontravam diferenças. Essa espécime não tinha nem mesmo as escamas pontiagudas acima dos olhos que dão às víboras de cílios seu nome comum.

Mais de uma década depois, Arteaga e seus colegas resolveram o mistério. De acordo com um estudo publicado na revista Evolutionary Systematics, o animal conhecido como víbora de cílios, ou, não é apenas uma só espéciemas muitas.

As víboras de cílios são encontradas em muitas tonalidades vibrantes, incluindo esse vermelho vinho conhecido como ...As víboras de cílios são encontradas em muitas tonalidades vibrantes, incluindo esse vermelho vinho conhecido como víbora de cílios da América Central (Bothriechis nigroadspersus), que é nativa da Ilha Escudo de Veraguas, na costa caribenha do Panamá.

FOTO DE ALEJANDRO ARTEAGA
Uma imagem em “close-up” das escamas da víbora equatoriana de cílios (Bothriechis nitidus). A maioria dos ...Uma imagem em “close-up” das escamas da víbora equatoriana de cílios (Bothriechis nitidus). A maioria dos indivíduos dessa espécie é verde-esmeralda ou uma forma "natalina": vermelho, verde e branco. As escamas acima dos olhos das cobras são a razão de seus nomes.
FOTO DE LUCAS BUSTAMANTE

Ao examinar de perto 400 espécies de museus, bem como 80 cobras capturadas na natureza, do México ao Equador, os cientistas conseguiram usar uma combinação de características físicas e genéticas para descrever cinco novas espécies: a víbora de cílios de Klebba (B. klebbai), a víbora de cílios de Shah (B. rasikusumorum), a víbora de cílios de Khwarg (B. khwargi), a víbora de cílios de Rahim (B. rahimi) e a víbora de cílios de Hussain (B. hussaini). 

"Eu diria que isso é apenas o começo", comenta Arteaga, diretor de uma organização sem fins lucrativos de conservação equatoriana conhecida como Khamai Foundation e principal autor do estudo.

A propósito, ele está dizendo isso literalmente. No momento em que você lê este artigo, o grupo de Arteaga está reunindo evidências de que há pelo menos mais uma espécie de víbora de cílios para acrescentar às fileiras.

Essa descoberta é importante por mais de alguns motivos – não apenas para proteger melhor as cobras, mas também para nossa própria saúde.

Por que essa descoberta é importante?

Novas espécies são sempre muito importantes de serem descobertas, e ainda mais quando as cobras em questão têm mais cores do que um saco de balas. Mas a descoberta de cinco populações geneticamente distintas de víboras de cílios pode ajudar os cientistas a entender melhor as ameaças contra elas.

"Essas víboras de cílios têm sido muito valorizadas no comércio internacional ilegal de animais exóticos", diz Arteaga.

Se houvesse apenas uma espécie de víbora de cílios nas Américas Central e do Sul, talvez ela conseguisse resistir a essa ameaça. Mas, com as novas evidências de que se trata, na verdade, de várias populações distintas de serpentes, as chances de que qualquer uma delas seja dizimada aumentam.

"Para piorar a situação, muitas delas são muito mais restritas do que pensávamos. Dentro de 10 mil quilômetros quadrados ou menos, em áreas que foram quase completamente devastadas em termos de desmatamento", diz ele. "Portanto, isso combinado com a caça ilegal é uma combinação ruim."

De fato, Arteaga acredita que quatro das novas espécies se qualificarão para o status de vulneráveis ou ameaçadas de extinção junto à União Internacional para a Conservação da Natureza, que rastreia e estima o risco de extinção.

A descoberta também pode ter implicações no tratamento de picadas de cobra. As víboras de cílios são cobras venenosas, portanto, podemos descobrir que o veneno das cobras varia entre essas cinco espécies tanto quanto sua genética. E isso pode significar que o antiveneno criado a partir de uma espécie é menos eficaz para tratar picadas de outra.

Da mesma forma, pode haver um potencial biomédico importante escondido em cada nova espécie. Por exemplo, o veneno da víbora já levou ao desenvolvimento de um medicamento para alta pressão arterial. O veneno do monstro de Gila deu origem a um medicamento para diabetes. E os analgésicos foram inspirados pela picada dos caracóis cone.

"Eu diria que é uma oportunidade fenomenal começar a analisar essas composições para ver se podemos criar um novo tipo de analgésico, por exemplo", diz Arteaga.

Um passo importante e impressionante

Como especialista em genômica de cobras da Universidade do Texas em Arlington, nos Estados Unidos, Todd Castoe, que não participou desse estudo, afirma que não ficou totalmente surpreso ao saber que há uma quantidade substancial de diversidade não descrita nas víboras de cílios.

"Mas, sem essa amostragem e análise abrangentes, esse grupo permaneceu um mistério por um bom motivo", escreveu Castoe em um e-mail. Embora Castoe afirme que o estudo teria sido mais forte se pudesse ter usado o DNA nuclear em vez do DNA mitocondrial, dadas as restrições de coleta e exportação de tecidos e o custo de tais abordagens, "o trabalho representa um passo importante e impressionante para desvendar a verdadeira diversidade que existe nessas cobras fascinantes".

Castoe espera que o estudo leve a uma reavaliação e redefinição de prioridades das medidas de conservação para garantir que cada nova espécie seja protegida.

Além disso, a pesquisa é um sinal claro de que temos muito mais a aprender sobre essas serpentes venenosas. Para começar, embora os cientistas suspeitem que a vasta gama de cores permite que as serpentes se misturem melhor com os ambientes multicoloridos que habitam, ninguém pode afirmar com certeza. Da mesma forma, o motivo pelo qual algumas espécies têm os cílios homônimos continua sendo um mistério.

"Acho que esse estudo se destaca como um exemplo importante que ilustra o quanto da biodiversidade do planeta ainda está por ser descoberta", conclui Castoe.




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