Tubarões, baleias, crustáceos: é correto dizer que praticamente todas as espécies marinhas dependem dos recifes de coral para existirem. Segundo explica um artigo da Organização das Nações Unidas (ONU), os recifes de coral são “o ecossistema de maior biodiversidade em nosso oceano”.
“Eles ocorrem em mais de 100 países e territórios e, embora cubram menos de 1% do fundo do mar, abrigam pelo menos 25% das espécies marinhas", continua a fonte. Isso significa que eles são responsáveis por acolher o maior número de biodiversidade em comparação a qualquer outro ecossistema do planeta, diz a ONU.
Os recifes de corais são um ambiente extremamente valioso para os seres vivos na Terra, inclusive para os humanos, e são considerados a “floresta tropical do mar”.
Com a chegada do Dia Mundial dos Recifes de Corais, celebrado anualmente em 1º de junho, descubra estes dados essenciais sobre eles.
Um cardume de peixes circula pelo Rapture Reef, importante recife de corais conhecida pela sua beleza e diversidade e localizado em French Frigate Shoals, uma das ilhas do arquipélago do Havaí.
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency, da sigla en inglês EPA), “os ecossistemas de recifes de coral são coleções complexas e diversas de espécies que interagem entre si e com o ambiente físico. Os corais são uma classe de animais coloniais relacionados aos hidróides, águas-vivas e anêmonas-do-mar”.
Já Juan Torres-Pérez, cientista pesquisador e especialista em recifes de coral do Centro de Pesquisa Ames da Nasa (a agência espacial estadunidense) detalha a diferença entre os conceitos de recifes e de corais.
“Os recifes são estruturas semelhantes a cristas, naturais ou artificiais”, explica Torres-Pérez. “Ele significa um local que é colonizado por diferentes organismos e “pode ser algo feito pelo homem, se alguém empilhar um monte de pneus de carro, por exemplo, que depois eles são colonizados por organismos distintos”, afirma. “Ou pode ser de origem natural: uma pequena colina no topo do fundo do oceano em que a estrutura primária é uma rocha”, diz.
Já os corais são animais do filo Cnidaria, “normalmente encontrados ao longo das costas tropicais”, diz a Nasa. “Eles são compostos por centenas a milhares de organismos vivos chamados pólipos, cada um com apenas alguns milímetros de diâmetro", continua o cientista.
“Cada pólipo tem seu próprio corpo e uma boca com tentáculos urticantes para capturar alimentos, como plâncton e pequenos peixes", detalha a fonte. Esses organismos vão crescendo juntos até formarem uma colônia – reconhecida como um coral.
Existem dois tipos de corais: os duros e os moles, continua o artigo da Nasa. “Os corais duros, também conhecidos como corais pétreos ou, mais formalmente, como escleractínios, secretam carbonato de cálcio para formar um esqueleto rígido; é esse tipo de coral que forma os recifes de coral”, diz. “Já os corais moles, também chamados de Alcyonacea, são carnudos e flexíveis, geralmente parecidos com árvores ou leques”, detalha o especialista.
Um exemplo de coral mole, este da espécie Cespitularia sp, clicado na Grande Barreira de Corais em Queensland, na Austrália. O coral se mostra em forma de árvore.
A Nasa afirma que o papel dos recifes de coral para as comunidades costeiras é essencial, pois esses organismos “evitam a erosão costeira, protegendo os litorais de danos causados por furacões", diz a fonte. Também geram cerca de 36 bilhões de dólares em renda anual, em todo o mundo, nesse setor.
Dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) informam que “os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais vulneráveis do planeta” diante de danos causados por ações humanas, em especial, pela crise climática.
Estima-se que “até 99% dos corais poderão ser perdidos com 2°C de aquecimento” na temperatura do planeta. E até 2050, mesmo que a temperatura suba 1,5°C, 90% dos corais já seriam afetados, diz o documento da ONU.
Um recife de corais do tipo Acropora, no Atol Caroline (a 1.500 quilômetros ao sul do arquipélago do Havaí, no centro do Pacífico) começa a se recuperar de um branqueamento após sofrer com o aquecimento das águas em 2015-16, que matou a maioria dos organismos que ali viviam.
Além disso, a acidificação dos oceanos (causada pelas emissões de dióxido de carbono), bem como o aumento da gravidade das tempestades, os impactos localizados da poluição terrestre, a poluição marinha, a pesca excessiva e as práticas de pesca destrutivas em geral também são enormes ameaças à existência dos recifes de corais, continua a mesma fonte.
Entre 2009 e 2018, 14% dos corais dos recifes do mundo foram perdidos devido a vários eventos de branqueamento (ação que ocorre quando os corais expulsam as zooxantelas – algas que fazem simbiose com ele, explica um artigo sobre o tema da Agência Brasil). Os dados são do relatório “Status of Coral Reefs of the World: 2020” (“Status dos Recifes de Coral do Mundo: 2020”, em tradução livre), publicado pela da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Esse número é maior do que todos os corais que vivem atualmente nos recifes da Grande Barreira de Corais da Austrália – considerado o maior organismo vivo da Terra, visto até mesmo do Espaço, informa a ONU.